Nada contra a Repressão

Nada contra a Repressão

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Sei que soa estranho, no auge da sociedade contemporânea, construída sob o pilar da liberdade, fazer menção a esta palavra em qualquer contexto que seja.

Rodrigo FerreiraNo entanto, o ser humano é falho e suscetível ao erro, pois o erro é relativo entre uma concepção e outra, sendo a humanidade sempre influenciada por necessidade físicas e emocionais, e uns pelos outros. Padrões normativos sempre nortearam a civilização. Para que não vivêssemos como animais, ou tampouco não nos degradarmos como tais, mas esta colocação pode ser infeliz, pois até mesmo o reino animal obedece uma cadeia existencial.

O que concluo é... a repressão social e a religiosa, são sim bem vindas e por sua vez são os maiores delimitadores do caráter e da boa convivência.

Contudo, ao falar da repressão social, recordo-me de um certo pensador chamado Aldous Huxley, ele descreve que vivemos em uma prisão de grades invisíveis, na qual nós mesmos insistimos ou precisamos permanecer, a ditadura das aparências.

Ontem mesmo, vi por alto nas redes sociais, sátiras sobre o caso de uma moça que se vitimizava vendendo a idéia de que ela não era aceita no mercado de trabalho pelo seu cabelo. Numa ditadura como a da Coreia do Norte, talvez o gordinho a obrigasse adequar seu cabelo, já na repressão social ela pode continuar como queira, desde que aceite colher os frutos de sua escolha, assim como eu não gostaria de ter alguém com o cabelo azul trabalhando pra mim, logo sou um “repressor de cabelos azuis”.

A sociedade é clara no prezar ao costume, o hábito, a compreensão dos princípios, que sustentam as bases da moralidade coletiva para unidade. Em outras, o mundo oferece um manual de conduta compreendido como valores universais a todos os homens, buscando dessa forma fazer cidadãos corretos e virtuosos. O que se busca é exercer objetividades sobre a nossa subjetividade.

Segundo o bem comum, nossas vontades e nossos desejos pessoais, por vezes, podem ser vistos como um barco a deriva, o qual flutuaria perdido no mar de forma previsível pois muitos já se perderam. Logo, é necessário educar nossos anseios, recebendo limitações racionais, o mundo tem lugar para o erro, mas ele não é grátis. Como sempre, também menciono e sigo o Panóptico apresentado por Foucault, utilizado para designar uma convivência ideal que permite ao vigilante observar a todos e todos vigiarem-se a si mesmos, sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados. O receio de não saberem se estão a ser observados leva-os a adotar o comportamento pela proposta, mas a escolha é de quem quiser.

Sobre a “Repressão Divina”, é sabido que “o temor do senhor é o princípio da sabedoria”. Observemos Jô, que era um homem de caráter e reto diante de sua época, portanto bem sucedido na vida, o tempo passa mas a figura do homem temente e respeitador permanece. O medo do Inferno é para o próprio bem do Homem, já que nem todo o dinheiro e nem toda a inteligência que garante ao homem modificar os padrões por dentro, e fazer do dinheiro um artifício usual para trapaça por exemplo, uma vez que a alma humana e facilmente corruptível. Só a retidão e o temor a Deus podem salvar a alma do crédulo. Ou seja, As “repressões” neste sentido, propõe o equilíbrio ao consenso, evitando os grandes castigos imediatos e o grande castigo ETERNO.

Afinal de contas, você prefere ter razão ou ser feliz?